Gasolina ou etanol — regra dos 70% no posto, como decidir sem dúvida

Ao encarar a bomba, a pergunta vem na hora: gasolina ou etanol? A famosa regra dos 70% dá um atalho, […]

Ao encarar a bomba, a pergunta vem na hora: gasolina ou etanol? A famosa regra dos 70% dá um atalho, porque indica que o etanol compensa quando custa até 70% do preço da gasolina. Ainda assim, consumo, modelo do carro e trajeto podem mudar o ponto de equilíbrio. Portanto, abaixo explico quando a regra funciona, como ajustar ao seu caso e como calcular o preço por quilômetro em menos de um minuto.

A lógica da regra dos 70% (e por que ela não é absoluta)

A regra nasceu da média histórica segundo a qual motores flex consumem ~30% mais com etanol do que com gasolina. Logo, se o etanol custar ≤ 0,70 × gasolina, a despesa por km tende a empatar ou ficar melhor. Entretanto, motores e calibrações evoluíram; além disso, trajetos urbanos de muitos arranca-e-para alteram esse diferencial. Assim, pense nos 70% como ponto de partida, não como dogma.

Quando o “70%” muda: 65% a 75% na vida real

  • Carros modernos e bem regulados: às vezes entregam só 25% a mais de consumo com etanol. Portanto, o corte pode cair para ~75%.
  • Trânsito travado, trajeto curto e frio: o consumo com etanol tende a piorar; logo, o corte aproxima-se de ~65%–70%.
  • Rodovia constante: diferenças encolhem; assim, o corte sobe.
  • Altitudes/temperatura: partidas a frio impactam mais o etanol; contudo, sistemas de aquecimento mitigam isso nos modelos recentes.

Regra prática: se o seu carro consome 28–32% mais com etanol, use 70%. Se consome 20–25% a mais, use 75%. Se consome 35%+, considere 65%–68%.

Método 1 (rápido): “regra ajustada” em 3 passos

  1. Meça seu consumo real nas últimas 2–3 cheias: km/l com gasolina e km/l com etanol.
  2. Calcule o seu corte: corte = (km/l etanol) ÷ (km/l gasolina).
  3. Compare na bomba: se (preço do etanol) ≤ (corte × preço da gasolina), etanol compensa; caso contrário, gasolina vence.

Exemplo: seu carro faz 10 km/l (gasolina) e 7,5 km/l (etanol). Corte = 7,5 ÷ 10 = 0,75. Assim, se a gasolina está a R$ 6,00, o etanol compensa até R$ 4,50.

Método 2 (preciso): custo por quilômetro (CpK)

Você pode decidir pelo menor custo por km imediatamente:

  • CpK gasolina: preço da gasolina ÷ km/l gasolina.
  • CpK etanol: preço do etanol ÷ km/l etanol.
    Vence o menor CpK.

Exemplo prático:

  • Gasolina R$ 6,00, consumo 10 km/lR$ 0,60/km.
  • Etanol R$ 4,30, consumo 7,5 km/lR$ 0,57/km.
    Logo, o etanol é levemente melhor hoje.

E o desempenho? E o meio ambiente?

O etanol costuma oferecer resposta mais viva em alguns motores, porque seu índice de octana é alto. Além disso, a pegada de carbono bem-mensurada do etanol de cana é mais baixa ao longo do ciclo de vida. Entretanto, autonomia menor pode exigir abastecimentos mais frequentes; portanto, pese conforto e logística junto com o custo por km.

Checklist de bolso (para colar no celular)

  • Anote seus dois consumos reais (gasolina e etanol).
  • Salve o corte pessoal (ex.: 0,72).
  • Compare na bomba: preço do etanol ÷ preço da gasolina vs seu corte.
  • Em dúvida? Faça a conta de CpK; leva 10 segundos.
  • Revise o corte a cada 3–4 tanques ou sempre que seu trajeto mudar.

Dicas finas que mudam o resultado

  • Pneus, alinhamento e carga: afetam consumo antes do combustível. Assim, mantenha tudo em dia.
  • Ar-condicionado e velocidade média: alteram o gap de consumo; portanto, repita medições nas mesmas condições.
  • Preço regional: safra da cana e logística mexem no etanol por estado; logo, o seu corte pode “acender” apenas em cidades específicas.
  • App/planilha: registre km, litros e R$; desse modo, você enxerga tendências e evita “impressões”.

Erros comuns (e como evitar)

  • Usar 70% às cegas: conferir consumo do seu carro muitas vezes vira o jogo.
  • Medir consumo em trajeto atípico: padronize percurso e reabasteça no mesmo posto quando possível.
  • Ignorar a matemática do CpK: regra é atalho; contudo, a conta por km elimina dúvidas.
  • Comparar preços em postos diferentes sem considerar qualidade/aditivação: variações de energia por litro podem distorcer.

Conclusão

Decidir entre gasolina ou etanol não precisa ser um palpite. Portanto, use a regra dos 70% como ponto de partida, ajuste o corte ao seu consumo real e, se restar dúvida, compare preço por quilômetro. Assim, você escolhe com método, paga menos ao longo do mês e ainda aproveita melhor o que cada combustível oferece.

Referências

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