Tesouro Direto: como ler as taxas de prefixados e IPCA+, entender marcação a mercado e escolher o melhor prazo

Você vai aprender onde ver as taxas do dia, como funcionam prefixados e IPCA+, o que é marcação a mercado […]

Você vai aprender onde ver as taxas do dia, como funcionam prefixados e IPCA+, o que é marcação a mercado e como montar uma estratégia por objetivo e prazo.

Por que começar por Tesouro Direto

Quando buscamos Tesouro Direto, queremos taxas atualizadas e, sobretudo, clareza para decidir entre prefixado, IPCA+ e Selic. Portanto, antes de comprar qualquer título, responda a três perguntas: qual é o meu prazo, qual risco aceito e quanto posso oscilar sem perder o sono. Assim, a taxa do dia vira decisão consciente, não impulso.

Taxas do dia: prefixado x IPCA+ x Selic — o que cada uma entrega

Prefixado (LTN/NTN-F). Você trava uma taxa nominal hoje até o vencimento. Portanto, se carrega até a data final, recebe o combinado (cupom zero ou com cupons semestrais). Por outro lado, no meio do caminho o preço oscila com os juros; se a curva sobe, o título cai (e vice-versa).

IPCA+ (NTN-B principal ou com juros semestrais). Entrega inflação (IPCA) + taxa real travada hoje. Assim, protege poder de compra no longo prazo. Entretanto, também sofre marcação a mercado: se os juros reais sobem, o preço cai no curto prazo.

Tesouro Selic (LFT). Acompanha a Selic diária, com baixa volatilidade de preço. Logo, serve para reserva de emergência e caixa tático. Ainda que marque a mercado, a oscilação é pequena em horizontes usuais.

Direto ao ponto: prazo curto e previsibilidade → Selic; médio e cenário de queda de juros → Prefixado; longo e proteção contra inflação → IPCA+. Ainda assim, diversificar entre eles é, muitas vezes, o melhor caminho.

Marcação a mercado: aliada no longo, armadilha no curto

A marcação a mercado atualiza diariamente o preço do seu título conforme a curva de juros. Portanto:

  • Se os juros caem, títulos sobem (principalmente os longos).
  • Se os juros sobem, títulos caem (e podem mostrar perda temporária).

Em outras palavras, o valor oscila antes do vencimento. Assim, quem carrega até o fim recebe a taxa combinada; quem vende antes realiza ganho ou perda dependendo do nível da curva naquele dia. Logo, alinhe prazo do título ao prazo do objetivo.

Como ler Tesouro Direto em 5 passos (e decidir sem ruído)

  1. Taxas do dia: verifique no site oficial a taxa bruta e o preço unitário do título desejado.
  2. Curva de juros (DI): entenda se o dia é de aperto (taxas subindo) ou alívio (taxas caindo).
  3. Inflação implícita: compare IPCA+ com o prefixado correspondente; assim, você deduz a inflação esperada pelo mercado.
  4. Calendário: evite comprar na véspera de dados sensíveis (Copom, IPCA) se não tolera volatilidade.
  5. Objetivo e caixa: se o dinheiro é da reserva, não force IPCA+ longo; portanto, prefira Selic.

Estratégias por objetivo (combinando risco e prazo)

1) Reserva e metas de curtíssimo prazo (0–24 meses)

  • Foco: liquidez e estabilidade.
  • Títulos preferidos: Tesouro Selic.
  • Por quê: oscila pouco; além disso, permite saques sem “perder o combinado”.
  • Dica: não “caçar” décimos de taxa com IPCA+/prefixado aqui; assim, você protege o colchão.

2) Objetivos de médio prazo (2–5 anos)

  • Cenário de queda de juros? Prefixados podem capturar ganho via marcação a mercado.
  • Cenário incerto/inflacionário? IPCA+ curto/médio preserva poder de compra.
  • Tática: escale aportes (tranches) para reduzir o risco de entrar inteiro num dia ruim.

3) Aposentadoria e longo prazo (5–15+ anos)

  • Foco: IPCA+ longo (com ou sem cupons).
  • Por quê: entrega juros reais ao longo do tempo; além disso, protege a renda futura da inflação.
  • Atenção: evite resgates antecipados; logo, só invista o que pode ficar até o vencimento.

Cupons semestrais: renda periódica ou complexidade extra?

Títulos com juros semestrais pagam cupons duas vezes ao ano. Portanto, são úteis para renda recorrente. Entretanto:

  • Reinvista os cupons para manter a estratégia;
  • Considere IR semestral (o cupom é tributado ao receber);
  • Avalie se vale a simplicidade do principal (sem cupons) para acumulação.

Custos, tributação e IOF: o que entra na conta

  • Taxa de custódia: cobrada pela B3 (verifique o valor vigente).
  • IR regressivo: 22,5% a 15% conforme o prazo (sobre lucro).
  • IOF: apenas se resgatar em até 30 dias.
  • Precificação oficial: títulos são precificados diariamente; assim, o extrato reflete a marcação.

Nota: consulte sempre as tabelas vigentes no site do Tesouro e os documentos do seu distribuidor; pequenas mudanças de custo impactam o retorno líquido.

Táticas para usar Tesouro Direto a seu favor

  • Degraus de vencimento: espalhe prazos (curto/médio/longo) para suavizar riscos.
  • Aportes programados: automatize contribuições; desse modo, reduz o risco de timing.
  • Janela tática: deseja “carregar” uma visão de queda de juros? Divida a compra em 2–4 tranches.
  • Matching de objetivos: IPCA+ casa com metas indexadas (aposentadoria, educação); prefixado casa com metas nominais (entrada do carro).

Erros comuns (e como evitá-los)

  • Vender IPCA+/prefixado no susto: lembre que a marcação volta quando a curva alivia; portanto, revise a tese antes de liquidar.
  • Misturar reserva com título volátil: curto prazo pede Selic.
  • Ignorar custos: taxa de custódia e tributação mudam o líquido; logo, faça conta completa.
  • Comprar só porque a taxa “subiu”: pergunte por que subiu (risco, dado, Copom?). Assim, você evita armadilhas.

FAQ rápido

É seguro investir via Tesouro Direto?
Os títulos são emitidos pelo Governo Federal; o risco é soberano. Ainda assim, o preço oscila antes do vencimento.

Posso perder dinheiro?
A marcação pode mostrar perda temporária se você vender antes do vencimento em dia de juros altos. Entretanto, carregando até o fim, você recebe a taxa contratada.

Prefixado ou IPCA+ para 10 anos?
Se a meta é proteger poder de compra, IPCA+. Por outro lado, se sua visão é de queda forte de juros sem pressão inflacionária, prefixado pode capturar ganho tático.

Selic não rende menos?
Rende menos porque oscila pouco. Porém, para reserva, essa é exatamente a ideia: estabilidade e liquidez.

Checklists práticos

Antes de comprar (2 minutos)

  • Meu prazo combina com o vencimento?
  • Eu aceito oscilar no caminho?
  • Conferi taxa do dia e custos?
  • dado sensível no calendário (Copom/IPCA)?
  • Tenho caixa em Tesouro Selic para imprevistos?

Rebalanceamento trimestral

  • Proporção Selic/Prefixado/IPCA+ ainda reflete meus objetivos?
  • Mudei de horizonte ou tolerância a risco?
  • Vou precisar vender algo antes do vencimento?

Conclusão

Olhar o Tesouro Direto é apenas o primeiro passo. Portanto, leia as taxas junto da curva de juros, entenda marcação a mercado e alinhe prazo do título ao prazo da meta. Assim, prefixados e IPCA+ deixam de parecer um labirinto e viram ferramentas para construir patrimônio com método e disciplina. Por fim, mantenha uma base em Tesouro Selic para emergências; desse modo, você protege o plano e ganha tranquilidade para atravessar ciclos.

Referências

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